terça-feira, 28 de abril de 2015

Judo no Brasil

O Judo chegou ao Brasil com a imigração japonesa, cujo primeiro contingente chegou ao porto de Santos em 18 de junho de 1908 a bordo do navio Kasato Maru (embora haja rumores de que, em 1903, certo professor Miura já ensinasse Judo aqui no Brasil). Porém, estes imigrantes japoneses, se dedicando a outros afazeres e deveres, principalmente a agricultura, faziam do Judo apenas uma atividade social, uma forma de manter laços e apagar a saudade da pátria longínqua, ficando assim restrito a pequenos grupos e sem maiores pretensões.

O Judo só começou a ser realmente difundido por todo o Brasil no inicio dos anos vinte com a chegada dos grandes lutadores do Kodokan, que lançando e aceitando desafios, divulgavam o Judo lutando publicamente nas praças e circos, fazendo disso uma forma de subsistência ou complementação financeira. O mais famoso entres eles foi, sem dúvida nenhuma, Mitsuyo Maeda (ou Eisei Maeda) - 7º Dan, mais conhecido como Conde Koma.

A partir de 1925 houve um grande impulso no Judo com a chegada ao Brasil de vários professores do Kodokan que foram espalhando o Judo para as diversas regiões onde a imigração japonesa era mais intensa. Entre estes, destacamos:

Tatsuo Okochi (8º Dan, 1892-1965) - chegou ao Brasil em 1924, foi o fundador e primeiro presidente da Associação de Faixas Pretas do Kodokan. Em 1958 ajudou a fundar e foi o primeiro diretor técnico da Federação Paulista de Judo, a primeira federação estadual do país. Conseguiu trazer vários professores de Judo do Japão para elevar o nível técnico do Judo brasileiro, contribuindo muito para o intercâmbio cultural entre os dois países.

Sobei Tani (6º Dan, 1908-1969) - chegou ao Brasil em 1931, estabeleceu-se na região do Jaraguá, em São Paulo, onde fundou sua academia e ensinou Judo aos jovens. Entre seus alunos destacam-se os irmãos Shiozawa, consagrados atletas que defenderam o Brasil em várias competições internacionais.

Katsutoshi Naito (7º Dan, 1895-1969) - chegou ao Brasil em 1928, quatro anos depois em 1932, iniciava suas atividades judoísticas, no bairro de Rio Baixo, em Suzano, São Paulo. Foi um dos fundadores da Hakkoku Jukendo Renmei - a Federação de Judo e Kendo do Brasil -, que por sua vez deu início à direção do Judo no Brasil. Foi o primeiro medalhista olímpico do Japão (1924, em Paris), com a modalidade de luta livre olímpica, e consequentemente, introduziu esta prática esportiva no Japão. Ocupou o primeiro cargo de diretor de Judo na Federação Paulista de Pugilismo.

Ryuzo Ogawa (8º Dan, 1883-1975) - fundador da Academia Budokan, chegou ao Brasil em 1934. Tornou sua academia a primeira de projeção nacional, instalando filiais em vários estados como São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul, entre outros. O número de filiais da Academia Budokan chegou a mais de 100 unidades em todo o Brasil. Conhecido como professor de rigorosos métodos e disciplinas, procurou fazer com que seus alunos seguissem à risca os ensinamentos do verdadeiro Judo.

Na década de 1940 - ficando esclarecidas as dúvidas quanto as suas origens do antigo Jujutsu -, consolida-se o prestígio do Judo em todo o Brasil, propagando-se a sua prática no Rio de Janeiro, Paraná, Minas Gerais e Rio Grande do Sul, dentre outros estados, fundando-se novas academias e crescendo o número de seus praticantes. Cabe aqui destacar também o importante trabalho de dois brasileiros:

Augusto de Oliveira Cordeiro (Rio de Janeiro, 1920) - foi o primeiro presidente da Confederação Brasileira de Judo depois de oficializada, em 1972, permanecendo no cargo até o início de 1979, e presidente da União Pan-Americana de Judo, de 1956 a 1972. Contribuiu muito para o desenvolvimento do Judo no Brasil, tanto como atleta, técnico, e inúmeras vezes, como chefe de delegações em competições internacionais. Como professor, formou alunos de destaque, entre os quais Luiz Alberto Mendonça (tri-campeão sul-americano); Rudolf Hermany (campeão brasileiro); Antônio Kroff (campeão brasileiro); Antônio Afonso Alves (campeão brasileiro) entre outros. Em 1964, recebeu o convite especial do Kodokan para atuar como árbitro nos Jogos Olímpicos de Tóquio. Seu maior sonho realizado foi conseguir elevar o nível técnico do Judo brasileiro, que permitiu a expansão desse nobre esporte para todos os estados do país.

Jamil Kalil Nasser (1914-1979) - foi um dos responsáveis pela fundação da CBJ, sempre se colocando em segundo plano procurando não aparecer, e foi um dos que mais procurou dar auto-suficiência ao Judo brasileiro. Batalhou muito para a realização do primeiro Campeonato Brasileiro de Judo e, juntamente com Paschoal Segreto Sobrinho, conseguiu que o Brasil sediasse o seu primeiro Campeonato Mundial em 1965, no Rio de Janeiro.

Assim, através do esforço e dedicação de japoneses e brasileiros, o Judo progride a passos largos. Em São Paulo, no ano de 1951, foi realizado o primeiro campeonato oficial de Judo. Em 1954 o Rio de Janeiro também realiza o seu. Ainda em 1954, realiza-se o primeiro Campeonato Brasileiro, tendo como sua maior expressão o judoka Massayoshi Kawakami, campeão nas categorias 3º Dan e absoluto. Em 1956 o Brasil participa pela primeira vez de uma competição no exterior, mais precisamente do II Campeonato Pan-Americano, realizado em Cuba, ficando em honroso segundo lugar. Formavam a equipe os judokas Massayoshi Kawakami, Sunji Hinata, Augusto Cordeiro, Luiz Alberto Mendonça, Hikari Kurachi e Milton Rossi.

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