quinta-feira, 28 de maio de 2015

O Uso do Judô no Cotidiano

“O que ensino não é a técnica (jujutsu), mas um caminho (Judo)... O principio do DO (caminho) é a sua aplicabilidade nos aspectos da vida. O verdadeiro significado do Judo é a prática do corpo e da mente que são, ao mesmo tempo, modelos para o cotidiano e no trabalho" (Jigoro Kano)

O Judô, assim como a maioria das artes marciais de origem japonesa são "heranças" do estilo de treinamento dos Samurais, onde primavam pela moral e um rígido código de honra, o bushido, portanto podemos afirmar que o Judô possui uma base filosófica oriunda dos antigos samurais sintetizada pelo Mestre e Fundador Jigoro Kano.

Em uma rápida análise torna-se difícil a compreensão onde os elementos filosóficos que o Judô prega enquadra-se em nossa vida cotidiana. No entanto, se observarmos um treino tradicional de Judô, percebemos que nele estão contidos elementos que representam os "pilares filosóficos" enunciados pelo Mestre Jigoro Kano: O Jita Kyoei e o Seiryoko Zenyo.

O Jita Kyoei é mais fácil sua compreensão quando elevamos o Judô para a vida cotidiana, pois se trata em linhas gerais da convivência harmônica entre indivíduos, como o Mestre Jigoro Kano define:

“(...) Por conseguinte, a situação proporciona vantagens de cada um deles que eles não teriam sozinho. Isso é chamado de sojo sojou Jita Kyoei, o que significa prosperidade mútua através da ajuda mútua e de concessão. Isso pode ser reduzido para Jita Kyoei. Por esta razão, se cada um dos membros de um grupo ajudar uns aos outros e agir sem egoísmo, o grupo pode ser harmonioso e agir como um (...)” KANO, Jigoro "Mind over Muscle“

O Jita Kyoei simboliza a ação conjunta para uma meta em comum, focando suas energias e abandonando os interesses particulares em prol de um “bem comum”. A estrutura básica de grande parte do treinamento e prática do Judô está em torno do Seiryoko Zenyo, onde significa o uso mais eficiente da força.

É uma base filosófica, na qual sue compreensão é mais simples quando exemplificamos seu uso no treinamento físico podendo ser citado o princípio do desequilíbrio.

Podemos sim, elevar o principio da máxima eficiência para a vida cotidiana, se encararmos a eficiência como evitar o uso indevido (desperdício) de energia. Somos seres, onde as emoções e os sentimentos desencadeiem uma série de mecanismos que irão expressar tais emoções ou sentimentos.

É sabido que em nosso cotidiano não vivenciamos apenas momentos bons, as adversidades, os problemas, as divergências de opiniões também se fazem presentes, e isso pode gerar sentimentos negativos, como raiva, mágoa ou rancor. Sob a ótica do principio da máxima eficiência, "alimentar" tais sentimentos negativos é um desperdício energético, pois ao invés de utilizar a energia em pensamentos negativos, relembrar a situação, as ofensas ditas, podem potencializar os sentimentos negativos e como consequência, acabar por afetar o convívio em seu meio social. O uso eficiente da energia nos indica que devemos conter essa situação e “movimentar" a energia para um fim benéfico, como a solução de um embate, por exemplo. Isso é alcançado através do treinamento mental.

O verdadeiro Judoca é aquele que consegue compreender e praticar o Judô tanto em nível físico como mental, buscando aprimoramento a cada dia. Um Judoca é diferenciado dos não praticantes, pois consegue a convivência em harmonia com os demais Indivíduos e melhor utiliza sua energia para fins benéficos.

“O Principio da máxima eficiência, quando aplicado para a melhora e o perfeito convívio social, além de quando aplicado para a coordenação da mente e corpo, na ciência do ataque e defesa, bem geral, ordem e harmonia entre membros, e isso pode somente ser alcançado através da ajuda mútua e concessões, guiando para o benefício mútuo." (Jigoro Kano)

Fernando Ikeda (nidan) – Revista Spirit of Judo

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